Quando entro numa loja dessas banais que existem em todos os shoppings, não quero que ninguém me chateie. Quero andar à-vontade. Boa tarde e pronto, se precisar de ajuda, peço. Mas em algumas, não sei se por política de funcionamento, se por transtorno de personalidade de algumas pessoas que lá trabalham, monta-se uma verdadeira perseguição. E isso não é agradável. Relato duas experiências particularmente traumatizantes.
1 - Fui ajudar o namorado a comprar roupa para ele numa loja cujo nome não posso revelar mas que acaba em pringfield. Sem termos solicitado nem uma vez, fomos abordados de 30 em 30 segundos. Atravessavam-se no nosso caminho! Várias pessoas diferentes. Várias vezes cada um. Ajuda que recusámos sucessiva e educamente (bem, no fim do massacre, talvez já não tão educadamente). Roçou o ridículo. Boa tarde! Se precisarem de ajuda... / Precisam de ajuda? / Não precisa de um casaco? Os nossos casacos estão com desconto de x %. / Estão a olhar para estas camisas? Também temos noutra cor. / Quer ir experimentar? Os provadores são já ali. / Já viu estes pólos que recebemos hoje? / Se quiser algum número que não esteja aí, diga que eu vou buscar ao armazém./ Já reparou que aqueles ténis ficavam bem com essas calças? / Isso que tem na mão, tirou deste ou daquele expositor? (what?)
2 - A outra passou-se numa loja que mistura bijuteria com uma espécie de qualquer coisa (artigos de carnaval para adolescentes?), onde só entrei, eu e a minha trolley, porque estava a fazer tempo até à hora do comboio. Loja vazia. Três funcionárias focados em mim. Ready, set, go!
Stalker - Boa taaaarde! Podemos guardar a sua mala para ver mais à-vontade?
Eu - Não é preciso, eu vou só... (agarra-me na mala, entrega-a ao segurança à entrada, guarda a mala da menina!).
Stalker - Já viu a nossa promoção? Se comprar três pares de brincos, só paga dois!
Eu (a fazer uma ronda enquanto traçava mentalmente um plano de fuga) - Ah está bem...
Stalker - Não quer um cestinho?
Eu - Não é preciso, eu estou só a ... (pumba, mete-me um cesto nas mãos!)
Stalker - Tem um lacinho! Deve gostar de lacinhos! Está aqui este expositor cheio deles!
Eu - Hum hum.
Stalker - Já vi que está a olhar para as nossas bandoletes! (era capaz de jurar que não tinha olhado, que só tinha pensado nelas!). Se quiser experimentar, tem ali um espelho!
Eu - Não vou querer, obrigado, estou só a ver.
A sério que acham que os clientes vão comprar mais assim?